sexta-feira, 20 de abril de 2007

De uma sociedadezinha suja que quer decair!

Aqui estamos, porcos bailarinos de nosso muito querer sem nada oferecer, intoxicados de literatura de auto-ajuda e a covardia intelectual do nada-saber/ nada-julgar enquanto cada peido que damos é datado, registrado, avaliado dentro de padrões de avaliação que não somos convidados a avaliar: está pré-estabelecida nossa condição de engrenagens na máquina que montaram sem nosso consentimento, e toda ética se resume a saber como nos fazer funcionar melhor, nos adulando com um sucesso em atividades cujo valor nos é indiferente, para nos criar uma identidadezinha manejável para fins que desprezamos...A grande questão, agora, é saber o que fazer com o que fizeram de nós! Não se trata mais da velha utopia do "ser autêntico": Não sei que merda é esta e não estou minimamente interessado em saber, inclusive levando-se em conta o catatau de absurdos que a definição deste conceito já criou. Olhamos o homenzinho da rua, o Zé Ninguém, o populacho, ou seja lá como queiramos chamá-lo e a visão é lamentável, principalmente quando percebemos o quanto esta visão nos espelha em nossos piores momentos e corremos em busca de uma distinção de qualquer, seja intelectual, física ou na incrível capacidade de comprar bons sapatos...e nos esquecemos de que é com isso que podemos contar para que algo ocorra, nosso terror está exatamente no fato de que estamos esgotados, brutalizados, banalizados demais para escapar da indiferenciação e que não existem referências para a saída da Matrix se não as que nós criaríamos se tivéssemos ânimo e tempo para isso. A questão é criar o tempo e o espaço para nos criarmos para fora do utilitarismo que nos toma como meio para os fins de poucos que já nem sabem se são realmente beneficiários do sacrifício de tantos, uma vez que estão por demais desesperados tentando garantir seu conforto e segurança da concorrência. Um dia esse samba do crioulo doido se esgota, para a melhor ou para pior...